82c9c569e96738ab5c8a5eac72f5099bfonte: SaúdeWeb

A crise vivida pelos hospitais federais foi tema de debate durante audiência pública nesta quarta-feira (4), na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal. Na visão de entidades médicas, o projeto de entregar a gestão dos hospitais universitários para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) leva os hospitais à asfixia.

Na ocasião, Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sinmed/RJ) e representante do presidente da Fenam, alertou sobre a suspensão do pagamento da gratificação aos médicos, que, segundo ele, equivale a perda de R$ 1,3 mil nos contracheques com jornada de 20 horas de trabalho.

“Essa é a primeira vez na história da República que a categoria é a que menos recebe entre os servidores públicos federais. Ganhamos menos do que qualquer outro profissional de nível superior na administração pública federal. Recebemos gratificações menores que os enfermeiros que nos auxiliam”, disse Darze.

“Os hospitais se tornaram um local onde potencializa o estresse por falta de condições de trabalho que geram impotência diante do sofrimento do paciente. O Ministério Público esquece que os servidores da saúde também são cidadãos. É preciso cuidar de quem cuida”, defendeu o senador Paulo Davim (PV/RN), autor do requerimento para a realização da audiência pública, que informou que 5% dos profissionais de Natal tentaram cometer suicídio.

Na ocasião, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Sidnei Ferreira, informou que existem oito mil pessoas aguardando cirurgia no município. Outras dificuldades apontadas são a falta de medicamentos e leitos nas emergências. “Diariamente cerca de 200 pacientes correm o risco de morrer em decorrência de falta de leitos ou de tratamento adequado no Rio”.

A audiência foi presidida pelo senador Waldemir Moka (PMDB-MS) que se comprometeu a acompanhar o assunto.

O OUTRO LADO:

O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Fausto Pereira, explicou que os hospitais federais são de grande porte e, por isso, são complexos na gestão. Um dos problemas apontados foi a falta de integração entre as três esferas da administração – federal, estadual e municipal, que, segundo o secretário, compromete a gestão das unidades.

“Praticamente todos os hospitais federais foram repassados para a gestão de estados e municípios nos anos 80 e 90, menos os do RJ pelas particularidades da rede”, afirmou.

Segundo ele, já foram feitas diversas tentativas para “apadrinhamento desses hospitais” para conseguir uma melhor gestão. Na ocasião, ele se comprometeu a dar celeridade para a substituição dos equipamentos sucateados e finalização das obras iniciadas.